sexta-feira, 1 de abril de 2011

Marcas de uma paixão

Tantas saudades sentimos, e enfim, aqui estamos novamente. Reencontro tão esperado! Sorrisos mútuos surgem. Sinto que também está contente ao me ver(que alívio!). Nossa sintonia não mudou, percebe? Ainda sinto meu coração desesperado, palpitando sem controle...
Perdoe-me, mas não posso mais ficar aqui. Não consigo conter esse desejo de tocar-te, sentir teu cheiro de perto, acariciar teus braços, tuas costas, tua barba, brincar com teus cabelos finos, sentir tua respiração quente em minha nuca carente, que implora reciprocidade.
Enquanto a racionalidade ressalta que devo ir embora... a ignoro teimosamente. O emocional persiste, me convencendo que seja impossível te largar.
Ah, se você soubesse... Como dói te ter assim tão perto e ao mesmo tempo tão longe! Logo nós, que nunca nos preocupávamos com o certo ou o errado, logo nós que naturalmente nos entregávamos.
As mãos suadas, trêmulas, vão involuntariamente a nuca, denunciando o nervosismo. Tento ao menos encarar-te, mas seu olhar se distancia do meu. Deve estar com medo de intimidar-te, como de costume o fazia.
-Você está diferente.- Comento.
-Diferente como?
-Assim, meio distan...
-Você está linda! – Interrompe-me e olha-me nos olhos com convicção.
Me vejo perdida em euforia. Boba apaixonada. Bastaram três palavras para me sentir completa. Equilibrada! Tudo se resume no aqui e agora. Nada mais me distrai, nada mais me preocupa. Não deveria ser assim, sei bem que não valerá apena, pois amanhecerei naufragada no vazio de sentimentos ilusórios.
Por quê ainda faz assim? Não tira os olhos de mim, mesmo sabendo que não devemos. Mas sabe exatamente como me deixar frágil. Com as bochechas já coradas, minhas covinhas surgem em um sorriso de canto de boca. Olho-te de volta. Quero-te, quero-te, quero-te... Mas não posso!
Sua mão fria toca minha palma, transmitindo um prazer de menina, que o faz pela primeira vez. Olho-te. Enquanto lembranças deliciosas se incorporam suaves em mim, a incerteza abafa...Quanto tempo durará? Você se aproxima. Recuo:
- Por quê isso agora?
- Por quê você se preocupa tanto?
- Acha que não tenho motivo?
- Você não quer?
- Por quê pergunta se sabe a resposta?
- Por quê o joguinho, então?
- Será que é joguinho mesmo?
- O que seria se não isso?
- Receio.
- Mas com a gente nunca funcionou assim
- A situação agora é outra...
- Não passou pela sua cabeça que iria me beijar hoje?
Pois penso nesse encontro há uma semana, tudo já passou pela minha cabeça, porém minto:
- Não.
- Sério?- Vejo suas sobrancelhas baixas, denunciando sua decepção.
Tento manter a linha, mas bem sei que logo estaremos a nos beijar...
- Na verdade eu imaginei sim, mas logo desconsiderei.
- E ainda desconsidera?
Minha cabeça baixa imediatamente. Não sei o que dizer. Silêncio por alguns instantes. Até tocar-me a face- Vou a marte, júpiter, universo paralelo, quanta saudade!- Mais uma tentativa, agora mais devagar, tu se aproximas... Sinto o calor dos teus lábios, mesmo sem tocá-los. Recuo novamente, para inclusive, a minha própria surpresa. Continuo presente, sonhando, acumulando o desejo que logo virá em êxtase. Levo meu olhar ao chão. Agora me seguras firme a face com ambas as mãos, sinto cada centímetro de sua palma, seus dedos, seu cheiro delicioso! Mas desvio o olhar...
-Raíssa, olha pra mim.
Tua voz grossa me hipnotiza. Obedeço-te como tua serva. Silêncio paira novamente.
-Me beija... agora!
Enfim, acontece... Sacio-me em teus lábios magnéticos, macios como argila em solo úmido; naufrago em saliva doce, doce como mel na colméia; embebedo-me de prazeres, no delírio de nossas bocas que de tão carentes esquecem-se de quem somos. Até enfim, minh’alma sentir o lirismo de nosso beijo; beijo que palavras não expressam e em limites não se restringe. Carícias enloquentes, cada pêlo arrepia-se. Somos agora essa conexão transcendental, somos felicidade plena, nada mais. Envolvidos em um amor viciante, em saudade gritante... Somos eu e você. Nada mais, nada mais...
Afastamos-nos devagar, com um selinho finalizando. Suspiro de ambos. Sorrisos de ambos. Silêncio... Você me observa, enquanto me acaricia a bochecha com a ponta dos dedos. Eu te observo de volta, ainda descrente.
O despertador toca. Fecho os olhos e tento me concentrar para voltar, mas não dá... não dá.

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